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Veleiro ECO lança projeto com comunidades tradicionais do Paraná

por última modificação: 27/09/2022 10h54

Iniciativa do Veleiro ECO, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em parceria com a Universidade Estadual do Paraná (Unespar), o projeto Igaú será lançado nesta terça-feira, 27 de setembro, a partir das 16h, no Campus da Unespar, em Paranaguá, no Paraná. A ação visa demonstrar às comunidades tradicionais do Complexo Estuarino de Paranaguá quais as macroalgas marinhas com potencial de uso e orientá-las quanto às formas de utilização e manufatura de produtos. A ideia é colaborar para a geração de renda adicional familiar, principalmente por meio de mão de obra feminina.

Igaú significa alga em tupi-guarani, e, inicialmente, o projeto de pesquisa e extensão vai trabalhar com as comunidades de Ilha Rasa, Guaraqueçaba, Superagui, Ilha do Teixeira e Ilha dos Valadares e pretende abranger crianças de escolas locais e treinar algumas dezenas de mulheres de cada comunidade. O Veleiro ECO apoiará todas as atividades de educação ambiental com as crianças, nas quais será demonstrada a importância ecológica e econômica das algas, um recurso negligenciado e pouco conhecido no ocidente.

O projeto aborda a conservação de ecossistemas costeiros do Paraná, aliada ao uso sustentável de recursos das macroalgas. Como resultados das mudanças climáticas e dos impactos antrópicos, algumas espécies de algas marinhas crescem desordenadamente, formando florações em determinadas épocas do ano. Porém, a biomassa pode ser aproveitada e usada em processos de biorremediação de águas residuais não tratadas e/ou contaminadas. Também pode ser usada na manufatura de diversos produtos, como para a produção de sabonetes e géis corporais. As mulheres das comunidades, portanto, serão treinadas desde o reconhecimento das espécies de alga no ambiente até a manufatura desses produtos artesanais e veganos.

De acordo com a coordenadora do projeto, a professora da Unespar Franciane Pellizzari, outro potencial a ser explorado será o uso comestível, a partir de biomassa de bancos algais de áreas mais preservadas. As mulheres receberão treinamento para coleta sustentável, processamento e fabricação artesanal de compotas e de frondes secas (“folhas” comestíveis, similares às usadas para preparar sushi), além de outros usos a serem investigados pelo projeto. Programas similares já foram apoiados pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO/ONU) e foram bem-sucedidos em comunidades costeiras do nordeste do país.

Para o coordenador do Veleiro ECO, professor Orestes Alarcon, o primeiro veleiro de pesquisas oceanográficas do Brasil vai contribuir para transformar a vida das comunidades locais e para apresentar soluções para a conservação da natureza por meio de pesquisas, estudos e treinamentos.

O projeto Igaú é um dos contemplados pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e pela Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Paraná, que irão destinar R$ 3,7 milhões em apoio financeiro para 19 soluções inovadoras para desafios do oceano e regiões costeiras do Brasil. O projeto tem duração prevista de três anos.